Estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz entrevistou mais de 23 mil mulheres e detectou que 26,3% delas tinham sinais da doença
"Ser
mãe é padecer no paraíso". Esse clichê, embora não provado
cientificamente, já foi dito a praticamente todas as mães ou grávidas.
No entanto, um quarto das mulheres que tiveram bebês está mais próxima
do padecer e muito distante do paraíso.
Uma pesquisa feita
na Escola Nacional de Saúde Pública contou com a participação de 23.896
mulheres no período entre 6 e 18 meses depois do parto. Dessas, 26,3%
apresentaram sinais de depressão. Do total, 20,5% tiveram o primeiro
filho, 30,6% eram mães pela segunda vez e 39,8% pela terceira.Os números
brasileiros, mostrados no estudo, são altos. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS), esse índice é de 19,8% no mundo, e a
doença atinge, principalmente, mulheres de baixa renda. A média
brasileira, segundo a OMS, é maior do que a registrada nos Estados
Unidos, na Austrália e em alguns países da Europa.
O estudo que traz esses dados é o Factors associated with postpartum depressive symptomatology in Brazil: The Birth in Brazil National Research Study, 2011/2012,
liderado pela pesquisadora Mariza Theme, professora da Escola Nacional
de Saúde Pública Sergio Arouca, ligada à Fundação Oswaldo Cruz, e
publicado na edição de abril da revista científica Journal of Affective Disorders.
O
trabalho foi desenvolvido no âmbito da pesquisa Nascer no Brasil,
estudo sobre os partos e nascimentos ocorridos no país, que apontou o
número excessivo de cesarianas – 52% na rede pública e 88% no setor
privado – e ainda a persistência de intervenções dolorosas e
desnecessárias no parto (como a episiotomia e a manobra de Kristeller,
uso de ocitocina, menor frequência da utilização de analgesia
obstétrica, dentre outros).
À
BBC Brasil, Mariza afirmou que a pretensão dos pesquisadores é lutar
junto ao Ministério da Saúde para que todas as mulheres sejam testadas
após o parto e acompanhadas nos primeiros meses dos bebê. Para ela,
qualquer profissional, não necessariamente um psicólogo ou psiquiatra,
pode aplicar o questionário utilizado no estudo, a Escala Edimburgo de
Depressão Pós-Parto. Essa escala é um instrumento de autoavaliação
composto por 10 itens que tentam dar conta dos sintomas depressivos
frequentes observados nesse período da vida das mulheres que decidiram
ter filhos.
Em nota enviada ao jornal Folha de S. Paulo, o
Ministério da Saúde afirmou que os profissionais das unidades Básicas de
Saúde são capacitados para identificar casos de depressão e dar início
ao tratamento e que reduziu o número o número de atendimentos para a
doença em 6,4% nos últimos dois anos.
Diário de Santa Maria
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