O diabetes mellitus tipo 2 é
uma das doenças crônicas mais comuns no Brasil e se não tratada, pode levar o
paciente à morte. O médico endocrinologista Dr. Mateus Dornelles Severo,
parceiro do site Doutíssima, nos explica neste artigo a relação entre a
cafeína e o diabetes.
A cafeína é sem dúvida
o estimulante mais consumido no mundo. O café, além de melhorar o estado de
alerta e certos parâmetros cognitivos, está associado a uma menor incidência de
diabetes mellitus 2. Vamos entender como isso funciona e como podemos nos
beneficiar deste potencial preventivo.
Apesar de alguns estudos de
curta duração sugerirem que a cafeína dificulte o papel da insulina, que é de
facilitar a entrada da glicose (açúcar do sangue) nas nossas células, estudos de
longa duração mostram exatamente o contrário. O consumo regular tanto de café
quanto de chá verde/preto ajuda a insulina produzida pelo pâncreas a
funcionar melhor e isto leva à redução dos níveis de glicemia após as refeições
e à prevenção do diabetes. Ainda não se sabe qual o mecanismo exato por trás
deste benefício, mas existem fortes candidatos:
1.O consumo de café com
cafeína está associado ao aumento dos níveis de adiponectina, hormônio que
sabidamente reduz a resistência insulínica.
2.O café com cafeína também
está associado ao aumento da globulina ligadora dos hormônios sexuais, o que
pode ser capaz de modular efeitos biológicos da testosterona e do estradiol nos
tecidos periféricos que captam a glicose.
3. A cafeína é capaz de ativar
o transporte de glicose para dentro das fibras musculares independentemente da
insulina, efeito similar ao do exercício.
4. O consumo prologado da
cafeína, de acordo com testes em animais, pode aumentar a sensibilidade à
insulina, importante na absorção do açúcar.
Independentemente do
mecanismo, diferentes estudos já apontaram diminuição do risco de diabetes
mellitus tipo 2 com o consumo de café. O maior deles trata-se de uma revisão
sistemática que compilou dados de nove estudos e avaliou o efeito do consumo de
café em quase 200 mil pessoas nos Estados Unidos, Europa e
Ásia.
Neste estudo, foi observada
uma redução no risco de diabetes de até 35 %. O consumo de duas xícaras por dia
já se mostrou benéfico, e quanto maior foi a ingestão (até seis xícaras) menor
foi a incidência de diabetes.
No entanto, como trata-se da
análise de estudos de observação, a relação causa-efeito não pode ser provada
apesar dos fortes indícios. Logo, o consumo de café utilizado como única
estratégia para prevenção do diabetes não é formalmente recomendado.Apesar
de não serem definitivas, as evidências pesam sim a favor do café como potencial
aliado contra o diabetes.
Dose de cafeína
Mas como se beneficiar deste
possível efeito protetor? A dose de até 400 mg de cafeína por dia, que equivale
a duas xícaras, é bem tolerada pela maioria dos adultos. Contudo, pessoas com
enxaqueca, ansiedade, tremores, insônia ou arritmias podem piorar destes
sintomas mesmo ingerindo pequenas quantidades da bebida. Ou seja, consuma
moderadamente e na dúvida consulte seu
endocrinologista.
Dr. Mateus Dornelles
Severo
Médico endocrinologista, Dr.
Mateus Dornelles Severo é graduado em Medicina pela Universidade Federal de
Santa Maria e é membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.
CRM – 30576.
DOUTÍSSIMA / TERRA
Nenhum comentário:
Postar um comentário