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Chupar
o dedo ou roer unhas são hábitos que muitos pais (e médicos) desaprovam
nas crianças. Mas uma pesquisa realizada pela Universidade de Otago, na
Nova Zelândia, indica que eles podem ajudar a evitar alergias na vida
adulta.
Publicado na revista científica Pediatrics, o estudo
realizou um teste de sensibilidade em 1037 pessoas que roíam unha ou
chupavam dedo aos cinco, sete, nove e 11 anos. Para fazer a avaliação,
os pesquisadores analisaram a reação dos voluntários à exposição a uma
substância que causa alergia e é comum entre os 13 e 32 anos.
Aos
13 anos, os participantes que tinham pelo menos um dos hábitos
apresentaram uma sensibilidade de 38%, menor que a registrada por quem
não tinha. Aqueles que mantinham os dois costumes tiveram a
sensibilidade ao alérgeno ainda menor: 31%.
A conclusão aponta
para a hipótese de que a exposição precoce a bactérias mudaria o sistema
imunológico e seria capaz de reduzir o risco de alergias no futuro.
Embora tenha apontado bons resultados para testes na pele, a pesquisa
não indicou melhora para casos de asma ou rinite alérgica.
Conforme
a médica alergista Luciane Failace, a descoberta faz parte de um
assunto muito discutido nos encontros da especialidade chamado "teoria
da higiene", que diz que quanto menor a exposição às bactérias, menos o
sistema imunológico vai atuar.
— Como não está sendo usado na
defesa, ele desvia e vai procurar outros alvos. Então, a pessoa se torna
alérgica a poeira e ácaros, por exemplo. Cuidados de higiene mais
amplos não nos protegem da alergia. Protegem de infecções, mas podem
favorecer o aparecimento de outras doenças — explica.
Ela afirma
que isso pode explicar o crescimento da incidência de alergias na
população geral. Em 1985, era de 5% e, neste ano, já saltou para 30%.
— Daqui 20 anos, metade da população vai ser alérgica — estima.
Diário Catarinense
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