Uma equipe de cientistas dos Estados Unidos descobriu um sistema mais
preciso para diagnosticar os estágios mais avançados do Alzheimer,
segundo um estudo que divulgado nesta quarta-feira (11) pela revista
Science Translational Medicine
.
O novo sistema é um melhor indicador do progresso da doença, segundo os
pesquisadores do Departamento de Neurologia da Universidade de
Washington em St. Louis, no estado do Missouri.
Os pesquisadores estudaram 46 pacientes com Alzheimer, a doença
neurodegenerativa progressiva mais comum, que acarreta a perda da
memória, da fala, do controle emocional e da habilidade de raciocinar e
tomar decisões lógicas.
A causa da doença, que segundo a Organização Mundial da Saúde afeta
47,5 milhões de pessoas no mundo, é o acúmulo no cérebro de proteínas de
dois tipos: placas da proteína beta-amiloide e fibras da proteína tau.
Até então, o exame de diagnóstico conhecido como TEP (tomografia por
emissão de pósitrons) focava na beta-amiloide. Graças ao estudo desta
proteína é possível detectar a doença em pacientes em estágios
adiantados, para um diagnóstico precoce e confiável do Alzheimer.
No entanto, os médicos necessitavam mais ferramentas para estudar e
entender a doença nos estágios mais avançados e assim comprovar quais os
tratamentos mais efetivos.
O descobrimento dos neurologistas do Missouri parte do estudo com foco
em outra proteína que intervém no desencadeamento do Alzheimer: a
proteína tau.
Este exame de diagnóstico analisa a proteína tau no lobo temporal, a
parte do cérebro encarregada de processar e decifrar a informação
através dos sentidos e da linguagem.
Desde o reconhecimento de rostos, de uma voz ou uma melodia, até o
controle do equilíbrio ou a regulação de emoções e motivações como a
ansiedade, o prazer e a ira, tudo depende do lobo temporal, localizado
atrás das têmporas.
Com este teste pioneiro, os médicos observam o comportamento das
proteínas acumuladas no cérebro, como interagem à medida que a doença
evolui e como reagem aos diferentes tratamentos.
Em comparação com os testes baseados na outra proteína, a nova forma de
diagnóstico ilustra de forma mais fidedigna o déficit cognitivo que
ocorre no lobo temporal.
Este descobrimento não deixa defasados os diagnósticos já existentes,
ambos se complementam. Enquanto o exame anterior continuará servindo
para a detecção precoce, o novo permitirá analisar os estágios mais
avançados.
A importância deste descobrimento não é apenas sua aplicação imediata, e
sim o maior entendimento da patologia, que abre uma porta a várias
linhas de pesquisa.
Cerca de 90% do que se conhece sobre o Alzheimer atualmente foi
descoberto nos últimos 15 anos, desde que as pesquisas focaram no
cérebro.
Os diversos efeitos no corpo e na mente fizeram com que a doença fosse
frequentemente confundida com a demência senil no passado.
Por isso, a Associação Internacional do Alzheimer lembra que a doença
não é uma forma de envelhecimento e tenta conscientizar as pessoas para
que detectem rapidamente os sintomas, já o quanto antes foi iniciado o
tratamento, melhores são as perspectivas.
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